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Rússia invade Ucrânia: o que sabemos até agora sobre principais acontecimentos

A Rússia iniciou na quinta-feira (24/2) um ataque militar em larga escala contra a Ucrânia, país vizinho ao sul, por ordem do presidente russo, Vladimir Putin.

Há relatos de ataques à infraestrutura militar ucraniana em todo o país e de comboios russos chegando de todas as direções.

Ao menos 137 ucranianos foram mortos como resultado da invasão russa, disse o presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, e mais de 300 ficaram feridos.

No início de sexta-feira (25/2), novas explosões foram ouvidas na capital ucraniana, Kiev, onde as tropas russas já chegaram.

Os acontecimentos mais recentes são:

  • Fortes explosões e sirenes de alerta são ouvidas nesta sexta-feira no centro de Kiev, onde vivem 2,8 milhões de pessoas. Relatos apontam que as tropas russas já dominam partes da cidade e de seus arredores. Há diversas imagens de prédios residenciais destruídos em ataques.
  • Desde o início da invasão, a Ucrânia vem tentando se defender da invasão russa a partir de três grandes frentes diferentes: norte, sul e leste, este palco dos combates mais violentos.
  • O presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelensky, divulgou um novo vídeo nesta sexta-feira em que dizia: “Estamos defendendo a Ucrânia sozinhos”, visivelmente decepcionado com a reação da comunidade internacional.
  • A União Europeia, a Austrália e o Japão anunciaram na sexta-feira novas sanções que miram bancos, empresas e oligarcas russos. Elas se somam às sanções anunciadas na quinta-feira (24/2) pelo presidente americano, Joe Biden, que seguem a mesma linha.
  • Muitos dos habitantes da capital ucraniana e Kharkiv se refugiaram em estações de metrô e abrigos subterrâneos (bunkers) por medo de ataques aéreos russos.
  • Zelensky informou ao fim do primeiro dia de guerra que pelo menos 137 cidadãos ucranianos — entre soldados e civis — foram mortos no primeiro dia do ataque militar russo. Mais de 300 pessoas ficaram feridas.
  • Mais de 100 mil pessoas fugiram de suas casas e dezenas de milhares fugiram da Ucrânia desde o início da ofensiva russa, segundo a Agência das Nações Unidas para Refugiados (Acnur).
  • O presidente francês, Emmanuel Macron, ligou para o colega Putin para pedir que ele interrompesse o ataque, numa conversa “franca, direta, curta”.
  • Nas cidades russas, milhares de pessoas protestaram contra a decisão do presidente Putin de ir à guerra contra a Ucrânia; centenas de manifestantes foram presos.
  • O objetivo da Rússia seria, segundo o secretário de Estado dos EUA, Antony Blinken, derrubar o governo do presidente ucraniano Volodymyr Zelensky e colocar um aliado no comando do país.
  • A mídia ucraniana divulgou como seria o suposto plano da Rússia para tomar a capital Kiev. Segundo fontes de contrainteligência ouvidas por jornalistas locais, a ofensiva prevê dominar pistas de pouso na cidade para desembarcar mais de 10 mil combatentes, causar pânico generalizado com sabotagem nas redes elétricas e de comunicação, forçar autoridades a assinar acordos nos termos exigidos pela Rússia e até a possibilidade de dividir o país em dois, como ocorreu no caso da Alemanha Ocidental e Alemanha Oriental.

A seguir, confira o que sabemos até agora com mais detalhes.

Putin ordena ataque

Em pronunciamento televisionado às 05h55 (horário de Moscou) do dia 24/2, Putin anunciou uma “operação militar” na região de Donbas, no leste da Ucrânia.

Esta área abriga muitos ucranianos de língua russa. Partes dela foram ocupadas e administradas por rebeldes apoiados pela Rússia desde 2014.

Putin disse que a Rússia estava intervindo como um ato de legítima defesa. A Rússia não queria ocupar a Ucrânia, segundo ele, mas iria desmilitarizar e “desnazificar” o país.

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Ele pediu aos soldados ucranianos na zona de combate que baixem suas armas e voltem para casa, mas disse que os confrontos são inevitáveis ​​e “apenas uma questão de tempo”.

E acrescentou que qualquer intervenção de potências externas de resistência ao ataque russo seria recebida com uma resposta “instantânea”.

Já nas primeiras horas de quinta-feira, correspondentes da BBC escutaram estrondos na capital Kiev, assim como em Kramatorsk, na região de Donetsk, no leste da Ucrânia. Explosões também foram ouvidas na cidade portuária de Odessa, no sul.

O presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelensky, disse que a Rússia realizou ataques com mísseis à infraestrutura da Ucrânia e guardas de fronteira.

O Ministério da Defesa da Rússia negou ter atacado cidades ucranianas — dizendo que estava mirando infraestrutura militar, defesa aérea e forças aéreas com “armas de alta precisão”.

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Zelensky voltou a falar com o povo da Ucrânia pela tarde, trocando seu terno escuro por um uniforme militar.

Em seu discurso, ele comparou o conflito ao “som da nova cortina de ferro que está caindo e isolando a Rússia do mundo civilizado”, acrescentando que “nossa tarefa é que essa cortina não caia em território ucraniano”.

Tanques e tropas entram na Ucrânia

Tanques e tropas invadiram a Ucrânia em trechos ao longo de sua fronteira ao leste, sul e norte, diz a Ucrânia.

Comboios militares russos cruzaram de Belarus para a região de Chernihiv, no norte da Ucrânia, e da Rússia para a região de Sumy, que também fica ao norte, segundo o serviço de guarda de fronteira da Ucrânia (DPSU).

Belarus é um aliado de longa data da Rússia. Analistas descrevem o pequeno país como o “estado-satélite” da Rússia.

Comboio russo entrando na região de Kherson, na Ucrânia, vindo da Crimeia
Legenda da foto,Um comboio russo entra na região de Kherson, na Ucrânia, vindo da Crimeia

Os comboios também entraram nas regiões ao leste de Luhansk e Kharkiv e se deslocaram para a região de Kherson a partir da Crimeia — território que a Rússia anexou da Ucrânia em 2014.

A ofensiva russa foi precedida por disparos da artilharia, e guardas de fronteira ficaram feridos, informou o DPSU.

Também houve relatos de tropas desembarcando por mar nas cidades portuárias de Mariupol e Odessa, no sul.

Uma forte explosão foi ouvida no centro da cidade de Odessa, e um residente britânico disse à BBC que muitas pessoas estavam indo embora.

Mariupol está sob fogo pesado, com relatos de centenas de explosões, disse uma fonte diplomática à agência de notícias Reuters.

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Este é um dos maiores portos ucranianos e está localizado perto de uma linha de frente mantida por separatistas apoiados pela Rússia na região de Donetsk — que Putin reconheceu como um Estado independente.

Tomar Mariupol ajudaria a Rússia a garantir uma rota terrestre direta para a Crimeia, a península ucraniana anexada pela Rússia em 2014.

Preocupação com Chernobyl

Há uma luta intensa em torno da antiga usina nuclear em Chernobyl. O conselheiro presidencial ucraniano Mykhaylo Podolyak disse ser impossível dizer se o local está seguro.

“Perdemos o controle de Chernobyl”, disse Podolyak.

Um vídeo, verificado pela BBC, parece mostrar tanques russos estacionados do lado de fora da antiga usina nuclear.

Na noite de quinta-feira (24), a porta-voz da Casa Branca, Jen Psaki, afirmou a jornalistas que há relatos de que soldados russos estão mantendo funcionários da usina nuclear ucraniana reféns.”Estamos indignados com relatos confiáveis de que soldados russos estão mantendo reféns os funcionários das instalações de Chernobyl”, disse Psaki. “Condenamos isso e pedimos sua libertação (dos funcionários)”.

Planta de Chernobyl
Legenda da foto,Chernobyl foi onde ocorreu a explosão nuclear mais devastadora da história

Chernobyl, localizada ao norte de Kiev, perto da fronteira com Belarus, foi o local da explosão nuclear mais devastadora da história, em 1986, quando um de seus quatro reatores explodiu.

O reator danificado está agora sepultado por uma “estrutura de confinamento” de aço e uma área de mais de 4.000 quilômetros quadrados ao redor da instalação foi abandonada.

A Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA) pediu “restrição máxima” para proteger as instalações nucleares.

O órgão global, que promove o uso pacífico da energia nuclear, diz estar acompanhando a situação na Ucrânia com “grave preocupação”.

A AIEA diz que foi informada que, embora as forças russas tenham assumido o controle da antiga instalação nuclear, nenhuma vítima ou destruição foi relatada.

O diretor-geral Mariano Grossi diz que é de “importância vital” que as operações das instalações nucleares na zona de exclusão de Chernobyl “não sejam afetadas ou interrompidas de forma alguma”.

Fonte: BBC

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