BRASILPOLÍTICATOP STORIES

Respostas à pandemia devem afetar resultados das urnas nas capitais do País

Os eleitores dos 5.567 municípios do País vão hoje (15) às urnas para a escolha de seus prefeitos e vereadores. Desse total, as disputas nas 26 capitais ganham maior atenção por servirem de termômetro das tendências políticos em curso, capazes de modelar os futuros cenários e discursos dos grupos partidários nas cinco regiões. Em metade (13) das sedes dos estados, os gestores municipais tentam um segundo mandato e devem ter seu desempenho nas urnas impactado principalmente pela avaliação popular da eficiência de suas respostas à pandemia do novo coronavírus.

Maior cidade do País, onde há 8.986.687 eleitores, São Paulo é um desses principais campos de batalha. O prefeito Bruno Covas (PSDB), em primeiro lugar nas últimas pesquisas, tem o desafio de manter a hegemonia tucana, pavimentando o caminho do governador João Doria em sua pretensa candidatura à Presidência em 2022. 

Pelo espectro da direita, ele enfrenta Celso Russomanno (Republicanos), apoiado pelo presidente Jair Bolsonaro (sem partido). Pelo campo da esquerda, o obstáculo é Guilherme Boulos (Psol), que foi presidenciável em 2018.
A elevada rejeição de Bolsonaro na capital paulista prejudicou o voo de Russomanno, que largou como favorito, mas foi perdendo terreno à medida que colava sua imagem à de Bolsonaro.

Já o candidato do PT, Jilmar Tatto, também não conseguiu decolar mesmo com o apoio declarado do ex-presidente Lula. Nas sondagens, não chega a superar 10%.

“Bolsonaro e Lula não parecem ser bons cabos eleitorais neste momento. O eleitor parece estar cansado dos discursos polarizados, radicalizados, de confronto, e mais preocupado com questões concretas do seu cotidiano”, analisa Rodrigo Augusto Prando, professor e pesquisador da Universidade Presbiteriana Mackenzie, Mestre e Doutor em Sociologia.

Esse “cansaço” com as rixas ideológicas, que atingiram o ápice em 2018 com a eleição de Bolsonaro na onda do antipetismo, pode se refletir nos resultados das urnas.

“Quando a pandemia estourou, os prefeitos tiveram de fazer seu dever de casa diante das filas de pacientes e cadáveres em suas cidades. Os eleitores vão reconhecer os gestores que tiveram ações concretas no enfrentamento à crise”, observa Prando. 

Na sua avaliação, o medo de uma segunda onda da Covid-19 gera uma angústia e deixa as pessoas mais pragmáticas e preocupadas. “O eleitor tende a evitar arriscar seu voto em alguém sem experiência, em algo desconhecido”.

Segundo o cientista político Rodrigo Gallo, da Universidade São Judas Tadeu, as pesquisas revelam que a pandemia é, de fato, um ponto importante para os eleitores. “Podemos supor que a escolha dos eleitores vai levar em consideração as ações dos prefeitos que buscam a reeleição no combate ao coronavírus”.

arte

Isolamento social

No caso de São Paulo, as pesquisas indicam que boa parte do eleitorado apoiou o fechamento das escolas, e ainda se mostra relutante com a volta às aulas, além de concordar com medidas de isolamento – justamente as políticas públicas sugeridas pela Organização Mundial da Saúde (OMS). 

“Podemos perceber que boa parte do eleitorado tem mesmo se pautado pelas ações de combate ao coronavírus para escolher Covas e rejeitar Russomanno – que acaba sendo penalizado pelo apoio do presidente”, acrescenta Gallo, lembrando que Bolsonaro se posicionou contra as medidas sugeridas pela OMS e à própria ação de governadores e prefeitos.

Rio de Janeiro

No Rio de Janeiro, o prefeito Marcelo Crivella (Republicanos), que teve sua gestão da pandemia muito criticada e conta com o apoio de Bolsonaro, aparece em segundo lugar nos últimos levantamentos. O favorito é o ex-prefeito Eduardo Paes (DEM).

Um dos partidos que lideraram o grupo que articulou o impeachment da presidente Dilma Rousseff em 2016, o DEM do presidente da Câmara, Rodrigo Maia, lidera ainda a corrida em Salvador (Bruno Reis), Curitiba (Rafael Greca), Florianópolis (Gean Loureiro) e Macapá (Josiel Alcolumbre). A perspectiva de vitória em cinco capitais após um longo período de declínio em disputas passadas só é comparável ao quadro de 1988, quando o DEM ainda se chamava PFL.

O DEM divide o governo com Doria em São Paulo e tem um acordo alinhavado para apoiar o tucano à sucessão de Bolsonaro. No arranjo que prevê a saída de Doria, o atual vice-governador, Rodrigo Garcia (DEM), seria o candidato ao Palácio dos Bandeirantes daqui a dois anos.

Nordeste

No Recife (PE), o grupo político do prefeito Geraldo Júlio (PSB), que se despede do segundo mandato, busca se manter no poder com João Campos (PSB). Ele tem 39% na pesquisa Ibope, seguido por Marília Arraes (PT) com 26%.

Em Teresina (PI), onde o tucano Firmino Filho termina o segundo mandato, a oposição tenta desbancar o PSDB. Dr. Pessoa (MDB) tem 39%, enquanto Kleber Montezuma (PSDB) aparece com 24%.

Sul

Em Porto Alegre, Manuela D’Ávila (PCdoB) lidera com 40%, seguida por Sebastião Melo (MDB) com 25%, segundo o Ibope. Para o cientista político do Mackenzie, a exemplo de Boulos em São Paulo, Manuela é outro exemplo de nova liderança de esquerda com carisma, que se afasta do lulismo e prega uma renovação do bloco de esquerda.

Ibope: Reeleição de kalil

O prefeito de Belo Horizonte, Alexandre Kalil (PSD), deve ser reeleito, apontou o Ibope, ontem. Ele aparece com 72%. O segundo lugar, o deputado estadual João Vítor Xavier (Cidadania), tem 9%.

Goiânia: segundo turno

O ex-governador de Goiás Maguito Vilela (MDB) lidera pesquisa do Ibope sobre as eleições à Prefeitura de Goiânia (GO) divulgada ontem. Ele tem 33% das intenções de votos válidos, à frente do senador Vanderlan Cardoso (PSD), que somou 29%. Ou seja, o cenário da pesquisa aponta eventual segundo turno.

Fonte: Sérgio Ripardo, do Diário do Nordeste

Deixe uma resposta

Esse site utiliza o Akismet para reduzir spam. Aprenda como seus dados de comentários são processados.