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Câmara técnica que Queiroga quer ouvir já tem consenso a favor de vacinar crianças contra Covid

O grupo de especialistas citado pelo ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, como responsável por uma nova análise da possibilidade de vacinar crianças contra a Covid-19 já se manifestou – em pelo menos duas ocasiões – a favor da aplicação dessas doses.

A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) anunciou na última quinta (16) a aprovação da vacina da Pfizer em dose pediátrica para vacinar crianças de 5 a 11 anos. Neste sábado (18), no entanto, Queiroga disse que o Ministério da Saúde só anunciará uma decisão sobre o tema em 5 de janeiro.

Nessas quase três semanas, o ministro pretende colocar o tema sob consulta pública para respaldar o posicionamento a ser tomado pela Câmara Técnica de Assessoramento em Imunização da Covid-19.

Essa câmara técnica foi criada em agosto para ajudar o governo a elaborar as políticas de vacinação contra o vírus. Em outubro, o grupo recomendou à secretária Extraordinária de Enfrentamento à Covid, Rosana Leite de Melo, que o ministério considerasse a vacinação infantil, inclusive, na hora de planejar a compra de doses para 2022.

Na ocasião, a câmara avaliou quatro cenários possíveis – cada um, com um número específico de doses a serem adquiridas. Segundo a ata do encontro, o cenário “ideal para o esquema vacinal em 2022” seria justamente o único a incluir as crianças no cálculo.

Nesta sexta (17), um dia após a Anvisa aprovar o uso da vacina da Pfizer para o público infantil, a câmara técnica voltou a se reunir e, por unanimidade, ratificou a concordância com essa vacinação.

A informação foi divulgada pela rádio CBN neste sábado e confirmada pela TV Globo com integrantes da câmara técnica. A ata da reunião desta sexta ainda não foi divulgada no site do Ministério da Saúde.

Membro do grupo e presidente da área de imunizações da Sociedade Brasileira de Pediatria, o imunologista Renato Kfouri reafirmou à TV Globo que a posição da câmara técnica é favorável à vacinação infantil – e criticou a ideia de submeter o tema a consulta e audiência pública.

“Não há necessidade, nunca se fez consulta pública no país para introdução de vacinas no ministério. Quem tem que ser ouvido são os especialistas, aqueles que entendem de vacina e formam o comitê assessor de imunizações. A lógica de você ter um comitê é exatamente essa, orientar o Ministério das Saúde das melhores decisões”, declarou Kfouri.

“A vacinação é uma medida necessária, não só para proteger as crianças nessa faixa etária onde a doença não é desprezível, como também acumular o maior número de vacinados, controlando a entrada de novas varientes e novas ondas da doença”, defendeu.

A Pfizer informou nesta sexta (17) que ainda não é possível determinar a data de entrega de doses pediátricas da sua vacina contra a Covid-19 ao Brasil. Em nota, a farmacêutica disse que está fazendo “todos os esforços para que as doses cheguem ao país o mais rapidamente possível”.

Também nesta sexta, o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Ricardo Lewandowski deu ao governo federal um prazo de 48 horas para se manifestar sobre a inclusão dessa faixa etária no plano de vacinação.

Queiroga diz, Anvisa rebate

Neste sábado (18), o ministro Queiroga afirmou que a autorização da Anvisa para vacinação dessa faixa etária não é suficiente para iniciar a vacinação.

“A introdução deste produto no âmbito de uma política pública, ela requer uma análise mais aprofundada. E no caso de imunizantes, esta análise técnica é feita com o apoio da Câmara Técnica Assessora de Imunizações, chamada Ctai”, disse o ministro.

“No dia 4 de janeiro, faremos uma audiência pública aqui no Ministério da Saúde para discutir o que foi oferecido em consulta pública que, em adição ao posicionamento da Ctai, servirá de base para a decisão final do Ministério da Saúde”, continuou.

Na noite de quinta, o diretor-presidente da Anvisa, Antonio Barra Torres, já tinha rebatido as afirmações de Queiroga sobre uma necessidade de “reanálise” do tema.

“Não trata-se apenas de uma decisão dos comitês técnicos da agência com seus mais de 20 anos de experiência. (…) As sociedades médicas (também) nos deram a segurança para promulgar a decisão que fizemos com base técnica, nada de política, nada de outras influências”, declarou Barra Torres.

“E o que esperamos agora é uma análise o mais rápida possível (por parte do ministério). Eu tenho certeza que o senhor ministro de Estado, ao contatar essas entidades, terá logicamente os mesmos pareceres que nós tivemos e hoje foram colocados em público”, prosseguiu.

G1

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