Em SP, cesta básica consome 98% do salário mínimo: sobram só R$ 23
Em agosto de 2018, trabalhador comprava todos os produtos e levava R$ 255 para casa, troco mais de dez vezes maior que hoje
Os dados do Procon de São Paulo sobre os custos da cesta básica na capital paulista mostram que, nos últimos três anos, o salário mínimo foi corroído pela elevação dos preços dos produtos. Em agosto de 2021 só sobraram R$ 23 no bolso do trabalhador após a compra dos itens essenciais de consumo.
Em 31 de agosto de 2018, há pouco mais de três anos, portanto, o salário mínimo da época, de R$ 954, permitia ao paulistano que recebia apenas o piso nacional levar a cesta básica de R$ 698,77 e receber um troco de R$ 255.
Em 2021, com aumentos mensais de inflação que deixam os reajustes anuais do mínimo sempre defasados, o salário definido pelo governo federal de R$ 1.100 quase empata com o preço de R$ 1.077,01 da cesta, apurado pelo Procon-SP em parceria com o Dieese (Departamento Intersindical de Estatísticas e Estudos Socioeconômicos). O dinheiro que sobra não dão sequer para pagar uma conta de luz.
Enquanto a cesta básica da cidade de São Paulo subiu 45,9% nesses três anos, a inflação do período, de acordo com a calculadora do Banco Central, ficou em 16,1%. O mínimo aumentou 13,3%.
Se forem considerados preços de produtos específicos que fazem parte da cesta, a distorção em relação ao mínimo piora. O paulistano que comprou em agosto de 2018 um quilo de arroz, outro de feijão e uma dúzia de ovos, gastou R$ 14,26. A mesma cesta do supermercado vale hoje R$ 21,70, ou 52% a mais.
Fonte: Marcos Rogério Lopes, do R7